terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Desafios Internos à Evangelização no Brasil


E irão muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR, e casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do SENHOR.


Miquéias 4:2
 
E não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior.

Hebreus 8:11
 
 
      Houve um tempo em que eu repetia o jargão: "o Brasil é do Senhor Jesus". Caí em descrédito! Hoje, Jesus é um nome muito conhecido no Brasil a ponto dos cristãos terem muito espaço na mídia (inclusive na mídia internacional: we are in the Forbes!), mas não sei se essa marcha é pelo Evangelho de Jesus.
 
 
      No Brasil não há uma só pessoa que nunca tenha ouvido falar o nome de Jesus, seja por meio de rádio, televisão, folhetos, impressos, marchas ou shows. Estamos nas novelas e "temos" emissoras de televisão. Mas será que tanta evidência está servindo à causa do Evangelho? E que aparentes vantagens têm se apresentado como grandes diiculdades?
 
 
      1) Dificuldades Teológicas- Eu não me sinto a vontade pra falar desse ponto. Sou leigo e não tenho respaldo de nenhum autor. Mas sei que os rumos que se tem tomado não são os melhores. Conheço um pouco da Teologia da Missão Integral, Teologia Reformada, Teologia Pentecostal (formas diferentes de se aplicar os ensinos de Cristo e dos apóstolos), mas a alcunhada de Teologia da Prosperidade foi uma MALDITA escolha! Por causa dela, quem não é cristão pensa duas coisas dos evangélicos: ou que tudo dá certo na vida de quem diz que crê em Deus ou que são um monte de alienados que não sabem o que é exclusão social e corrupção. Vira e mexe sai uma "musiquinha da moda" falando de 'restituição', 'só vitória', 'promessa'.   Sobre essas coisas deixo claro aos não-cristãos que acredito em milagres, que são excepcionalidades às regras naturais e sociais. Mas, são EXCESSÕES!! Nenhum cristão vive de milagres o ano todo, a menos que ele considere mais um dia de vida como um milagre de Deus. O correto é que as mesmas condições a que estão subordinados os "cristãos" também subordinam-se os "não-cristãos" (palavras de Jesus; não minhas. Em Mat 5.45).  
        Em alguns de meus encontros com os que não se professam cristãos, perguntei sobre o que achavam da sua situação diante de Deus. Muitos entendem que se tudo vai bem com a família, os amigos, o emprego e seus bens, então tudo está bem com o Criador também. Isso tem a ver com a mensagem que lhes é passada e tem sido um percalço na missão de levar pessoas ao conhecimento de Deus.
 
 
       2) Dificuldades na Expansão- Pra quem é cristão bíblico (e digo isso para reflexão dos não-cristãos), Fé e Expansão estão intimamente ligados. Sabemos que, sob a bandeira da (falsa) evangelização muita gente foi assassinada, povos  destruídos e culturas exterminadas. Mas não se pode supor que a água que está dentro de um copo sujo está suja. O Evangelho do Amor de Deus não nos ensinou a tomar espadas ou armas contra povo nenhum (Mat 26.51 e 52; Apoc 13.9,10). Quem ler partes do Antigo Testamento verá guerras e sangue em uma época em que os povos eram bárbaros e sacrificavam crianças (sobre isso, recomendo a leitura do Livro "Uma história politicamente incorreta da Bíblia"). O Evangelho traz tatuado em si a proposta de chegar a todo o mundo e a todas as pessoas de forma não violenta.
 
           Mas não podemos parar no Brasil. Muitas Denominações Brasileiras, dividem-se como "gremilins" e a cada divisão implantam uma nova filial onde já existe um número suficiente de denominações. Isso facilita, em alguns aspectos, a evangelização daquela localidade. Por outro lado, perde-se, porque muitos desses líderes poderiam estar em países e localidades onde ainda não haja pregação do Evangelho. No entanto, fincam-se em terra já arada!      
             3) Dificuldades na mensagem -  Se por um lado temos um diálogo bem mais aberto com os que "estão de fora", por outro lado tem se perdido em essência da mensagem. Não é necessário mudar a mensagem para ser agradável, ainda mais num contexto de respeito às diferenças em que hoje vivemos. Não precisamos ser impostores, mas também não podemos ser por demais concessivos. Não podemos ser incômodos, mas nem por isso agradáveis a qualquer custo. Não podemos ser inflexíveis, mas não significa, por isso, modeláveis!
 
              Uma sugestão simples para entender o Evangelho (e o que não é) é examinando o relato da vida de Jesus feito por Mateus, Marcos, Lucas e João. Você vai ver, por exemplo, que Jesus não fazia publicidade de seus milagres para atrair visitantes e nem determinava o dia em que ele faria milagres, como vemos alguns fazendo por aí achando que estão "fazendo" evangelho.      
 
              Embora essas e outras dificuldades coloquem-se à nossa frente não podemos deixar de ensinar quem é Cristo. Não que os cristãos tenham um domínio de quem é Jesus e sejam os únicos que compreendem isso (temos errado tanto)! Mas, à medida que prosseguimos nesse conhecimento não podemos deixar de passá-lo a outros. E mais ainda: de vivê-lo!!!!!
 
               

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Religião e alucinação

(Não concordo com os rumos que o Gondim tem tomado. Mas esse texto compilou tudo em que acredito!)

Religião e alucinação


Por Ricardo Gondim



Tenho muita pena dos crédulos. Chego a chorar por mulheres e homens ingênuos; os de semblante triste que lotam as... magníficas catedrais, na espera de promessas que nunca se cumprirão. Estou consciente de que não teria sucesso s...e tentasse alertá-los da armadilha que caíram. A grande maioria inconscientemente repete a lógica sinistra do “me engana que eu gosto”.



Se pudesse, eu diria a todos que não existe o mundo protegido dos sermões. Só no “País da Alice” é possível viver sem perigo de acidentes, sem possibilidade da frustração, sem contingência e sem risco.



Se pudesse, eu diria que não é verdade que “tudo vai dar certo”. Para muitos (cristãos, inclusive) a vida não “deu certo”. Alguns sucumbiram em campos de concentração, outros nunca saíram da miséria. Mulheres viram maridos agonizar sob tortura. Pais sofreram em cemitérios com a partida prematura dos filhos. Se pudesse, advertiria os simples de que vários filhos de Deus morreram sem nunca verem a promessa se cumprir.



Se pudesse, eu diria que só nos delírios messiânicos dos falsos sacerdotes acontecem milagres aos borbotões. A regularidade da vida requer realismo. Os tetraplégicos vão ter que esperar pelos milagres da medicina - quem sabe, um dia, os experimentos com células tronco consigam regenerar os tecidos nervosos que se partiram. Crianças com Síndrome de Down merecem ser amadas sem a pressão de “terem que ser curadas”. Os amputados não devem esperar que os membros cresçam de volta, mas que a cibernética invente próteses mais eficientes.



Se pudesse, eu diria que só os oportunistas menos escrupulosos prometem riqueza em nome de Deus. Em um país que remunera o capital acima do trabalho, os torneiros mecânicos, motoristas, cozinheiros, enfermeiras, pedreiros, professoras, terão dificuldade para pagar as despesas básicas da família. Mente quem reduz a religião a um processo mágico que garante ascensão social.



Se pudesse, eu diria que nem tudo tem um propósito. Denunciaria a morte de bebês na Unidade de Terapia Intensiva do hospital público como pecado; portanto, contrária à vontade de Deus. Não permitiria que os teólogos creditassem na conta da Providência o rio que virou esgoto, a floresta incendiada e as favelas que se acumulam na periferia das grandes cidades. Jamais deixaria que se tentasse explicar o acidente automobilístico causado pelo bêbado como uma “vontade permissiva de Deus”.



Se pudesse, eu pediria as pessoas que tentem viver uma espiritualidade menos alucinatória e mais “pé no chão”. Diria: não adianta querer dourar o mundo com desejos fantasiosos. Assim como o etíope não muda a cor da pele, não se altera a realidade, fechando os olhos e aguardando um paraíso de delícias.



Estou consciente de que não serei ouvido pela grande maioria. Resta-me continuar escrevendo, falando… Pode ser que uns poucos prestem atenção.



Soli Deo Gloria